terça-feira, 19 de junho de 2012

Os Objetos de Aprendizagem Audiovisuais

Hoje em dia estamos imersos em imagens, necessitamos delas como forma de compreensão e de conhecimento do mundo envolvente. A educação para o convívio com a imagem deve ser uma emergência de literacia cultural e tecnológica. Elaborar estratégias concretas para que a escola possa contribuir para que os jovens desenvolvam a competência de analisar, compreender e interpretar de forma crítica a avalanche de imagens à qual estão expostos é uma questão urgente. O uso do audiovisual, por exemplo, por parte de um professor de língua portuguesa, permite ilustrar, ampliar, aprofundar um tema de estudo, um objetivo específico de trabalho. O audiovisual pode servir de base para um trabalho sobre a linguagem que está a ser utilizada em dado caso. Neste caso, o trabalho focaliza propriamente o uso da língua portuguesa: estruturas específicas da língua oral, géneros orais, vocabulário, efeitos pragmáticos de escolhas estilísticas, níveis de linguagem, dialectos ou variação. Desenvolver competências e habilidades linguísticas que conduzam o estudante a saber ouvir, falar, ler, escrever e analisar a língua nas diversas situações de uso da linguagem verbal e com diversos objetivos. Essas competências configuram-no como cidadão capaz de agir por meio da linguagem.

No que se refere à habilidade de ouvir/ver, é importante observar que:
  •  os objetivos devem estar claros para todos (são definidos antes do início da atividade);
  •  as atividades podem ser planeadas em conjunto (a negociação com os alunos garante o compromisso);
  •  o professor observa as atitudes dos alunos e reorienta a atividade (às vezes é necessário rever o todo ou partes para esclarecimento de dúvidas);
  •  a avaliação e a auto-avaliação podem ser desenvolvidas durante o processo (Todos estão a compreender?Quais as dificuldades? São dificuldades técnicas? É o vocabulário? Estás-te a esforçar ao máximo?);
  • a apreciação positiva dos avanços estimula o crescimento;
  • atividades associadas estimulam o envolvimento. Por exemplo: escrever ou falar sobre o tema depois de ouvir e ver;
  •  por meio das atividades com TV/vídeo, os estudantes entram em contato com géneros orais específicos e podem analisar detalhadamente o seu funcionamento e a sua estrutura: entrevistas, debates, conversa semi-informal, reportagens, comentários, instruções, propaganda, publicidade, telenovela, narrativas de ficção entre outros.
No que se refere à habilidade de falar, é importante observar que:
  • o domínio da expressão oral desenvolve-se nas atividades em que é possível falar com objetivos diferentes dos da conversa informal;
  • todos nós gostamos de falar sobre o que conhecemos;
  • os debates e a troca de impressões esclarecem e enriquecem a compreensão;
  • é preciso orientação para o controle do nível de formalidade (vocabulário, formas de tratamento do interlocutor e estruturas sintáticas) a ser usado no debate;
  • as regras de etiqueta na conversação formal devem ser discutidas e esclarecidas;
  • Atividades associadas estimulam o envolvimento. Por exemplo: elaboração de relatório escrito, ou apresentação de trabalhos com resumos dos debates.
  • A partir das atividades com TV/vídeo, os estudantes podem exercitar géneros orais específicos como: entrevista, debate, conversa semi-informal, reportagem, comentário, instruções, propaganda, publicidade, telenovela, documentários, narração de acontecimentos (jogos, eventos, acidentes, catástrofes, fatos políticos), narrativas de ficção, entre outros.
No que se refere à habilidade de ler, é importante considerar que grande parte dos requisitos de leitura exigidos para a compreensão e a interpretação de textos escritos são exigidas para textos audiovisuais. É importante construir previamente algumas perguntas que ajudem a controlar o objetivo e a atenção, como, por exemplo:
  • Quem conduz a mensagem principal do texto?
  • Quais são as opiniões divergentes apresentadas?
  • Que temas sociais são representados?
  • Qual o género do filme?
  • Com quais procedimentos devo interpretar a mensagem?
  • Qual é o objetivo?
  • Qual é o veículo utilizado?
  • Quais os recursos utilizados?
  • Como esses recursos são utilizados?
  • Com que objetivo são utilizados?
  • Que associações permitem que o leitor/espectador faça?
  • Quais são as informações novas que o texto veicula?
  • Como essas mensagens e informações se relacionam com a vida atual?
  • Que este autor pensa desse assunto? Em que discorda dos que já conheço? O que acrescenta à discussão?
  • Que fenómenos estão em jogo nessa mensagem?
  • Qual é o conceito, a definição desse fenómeno?
  • Quais são os argumentos em jogo?
  • Com quais argumentos eu concordo e de quais eu discordo e por quê?
  • Como ocorreu esse facto? Onde? Quando? Quais são as suas causas? Quais são as suas consequências? Quem estava envolvido? Quais são os dados quantitativos citados?
  • Que é mais importante nesse texto? O que eu devo anotar para utilizar depois?
 Quando começamos uma leitura sem nenhuma pergunta prévia, temos mais dificuldade em identificar aspectos importantes, reconhecer o género, reagir adequadamente, distinguir partes do texto, hierarquizar as informações. O trabalho com o audiovisual permite uma infinidade de atividades voltadas para a ampliação do universo lingüístico e cognitivo dos alunos. O professor estabelece inicialmente os objetivos, empreende a análise prévia das possibilidades do material audiovisual, seleciona os tópicos que devem ser focalizados no  grupo, planeia as atividades adequadas aos objetivos, sempre deixando uma margem de flexibilidade, para que o trabalho interativo com os alunos, possa,  redirecionar a trajetória de acordo com as necessidades do momento. O desenvolvimento das apetências aqui apresentadas depende de debates, conversas, troca de opiniões divergentes, discussões, focalização de objetivos que apresentem desafios interessantes para os alunos. Nesse processo de interação, participação e troca de experiências há um crescimento significativo do senso crítico, o que favorece a consolidação da cidadania, da identidade e impede a dominação ideológica e simbólica. Um exemplo de captação da atenção dos alunos para uma atitude de motivação, recorrendo a filmes, pode ser na apresentação da animação:

The Art of Survival




Esta animação retrata um camaleão-aluno que na sala de aula - na floresta - está desatento e não presta atenção aos ensinamentos do camaleão-professor. Depois de não conseguir a mutação de cor, ensinada pelo professor na aula, o camaleão tem o pensamento de buscar alternativas no momento em que uma águia está pronta para o ataque. Amarelo (deveria estar verde igual às plantas), o camaleão-aluno encontra a alternativa de saltar para cima de um autocarro escolar da mesma cor. Segue então para o meio urbano e é descoberto por um artista plástico que, com as percepções da mutação diferenciada, faz obras de arte com as imagens que vê e torna o camaleão celebridade.

Assim como o camaleão, os estudantes terão de se deparar com diferentes habitats e situações.

Referências:


http://revistas.udesc.br/index.php/udescvirtual/article/viewFile/1652/1330

http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/3sf.pdf

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Grelha de Observação e Análise de Imagens


"Filósofo Meditando" - Rembrandt

Análise Formalista: Este quadro do pintor holandês Rembrandt (1606 - 1669)  traduz a condição humana do pensar e de sua relação com a criação estética.
Esta obra merece uma atenção especial, sobretudo porque focaliza no ambiente da intimidade do pensador alguns elementos em contraste, como a escada em espiral, que se observa iluminada na sua base. Como no processo do conhecimento, também em espiral, a escadaria impõe um certo impulso inicial, movido pelo prazer clarividente da descoberta, mas que depois é marcado por vários contrapontos, entre eles a dúvida e os constantes embates com a experiência.  
Análise Sociológica: A importância do processo do conhecimento para a história da filosofia, desde a Antiguidade, até ao momento em que se situa a obra de Rembrandt, isto é, na transição do período Medieval para a Modernidade, com a expressão marcante dos pensadores renascentistas, que haviam retomado temas clássicos nas suas obras, entre eles, o problema do conhecimento humano.
Análise Iconológica: Outro ponto interessante de ser abordado nesta tela do pintor holandês é o foco de luz vindo da janela, aspecto característico de muitas das suas obras, dominado pela fraca luminosidade de uma quase desapercebida lareira à direita. 
O filósofo, na sua postura contemplativa, é como se estivesse a contemplar melodia matinal dos pássaros, ao amanhecer. 
A presença de um jovem que cuida de uma pequena lareira, como a ilustrar a contraposição da vida contemplativa, representada pela presença do filósofo, e da vida operativa, cuja atividade é dada pela execução de um ofício.
Análise Estruturalista: A contraposição, já tinha sido abordada desde a sociedade grega, e que encontra agora, com o advento da Modernidade, profundas mudanças, dado que, o trabalho manual passa a ter predominância sobre a atividade teorética, ou vida contemplativa. 

domingo, 3 de junho de 2012

Metodologias de Observação de Documentos

Os  estudos modernos de História da Arte desenvolveram-se segundo diretivas metodológicas fundamentais.

I. Método  Formalista: As formas possuem um conteúdo significativo próprio e a representação mostra-se individualizada. E como a
representação dos temas não é puramente descritiva ou ilustrativa, mas universalizada ou idealizada, é precisamente o valor universal ou ideal dos sinais que universaliza ou idealiza a figuração.

No plano da aplicação histórica o seu maior expoente foi Heinrich Wölfflin* (1864 -1945).

Categorias de Análises:
  • Linear - Pictórico
  • Profundidade - Superfície
  • Forma fechada - Forma aberta
  • Unidade - Multiplicidade
  • Clareza absoluta - Clareza relativa
*http://pt.wikipedia.org/wiki/Heinrich_Wölfflin

Análisis de la obra de arte: El método formalista y Heinrich Wölfflin  (Link)

II. Método Sociológico: A obra de arte é determinada por interesses que a circundam.Leva em consideração a relação existente entre a sociedade vigente e a experiência artística. 
A Obra de Arte é sempre questionada, promovida, avaliada,
utilizada e fruída por um conjunto social.

Entre os fatores que determinam a obra, leva-se em consideração os mecanismos de encomenda, avaliação e remuneração - por quais interesses, de que maneiras, com que fins. Algumas pessoas
(normalmente ligadas ao poder) encomendam ou adquirem uma obra de arte.
Em suma, o historiador sociológico ocupa-se dos movimentos do mercado artístico, do mecenato, da coleccionação e, naturalmente, da crítica e da sua influência na orientação do gosto.


El Metodo Sociolgico

III. Método Iconológico: Parte da premissa que a obra de Arte tem impulsos mais profundos, ao nível do inconsciente individual e coletivo.
O que conta é a imagem, o assunto que a rodeia, a sua relação com outras imagens e com imagens sedimentadas na memória. 

A História da Arte, do ponto de vista iconológico, é a história da transmissão da transmutação da imagem. Assim, as imagens
conseguem atingir várias classes sociais, possuem vida própria e são interpretadas de diversas maneiras.

A Iconografia consiste, na descrição e classificação das
imagens. A Iconografia presta um papel de importância para o estabelecimento de datas, origens, de autenticidade, e fornece bases para as interpretações ulteriores.


Aby Warburg

IV. Método Estruturalista: Surgiu a partir do estruturalismo linguístico – que se caracteriza pela relação de equivalência
entre um significante (algo que enuncia o conceito) e um significado (conceito).
Podemos dizer, aproximando-nos do nosso objeto de estudo, que o significado é uma questão de conteúdo, assim como o significante é uma questão de forma.



A duplicidade da informação


Conceito de Didática aplicado às TIC [3]

2) Sequências de vídeo / Animação: 

Trabalho realizado por turma CEF

Conceito de Didática aplicado às TIC [2]